Receba as matérias do
Jornal Agito pelo WhatsApp
(grupo sem interação, só o administrador pode postar)
Desde a virada do ano o Rio de Janeiro está cheio de turistas, brasileiros e estrangeiros, o que contribui para o otimismo em relação às vendas. Os blocos de carnaval que já estão animando o Rio desde o primeiro fim de semana do ano estão diretamente relacionados com a expectativa estendendo a festa até março de 2025.
Nesta época do ano as pessoas estão na cidade vão pra rua para gastar dinheiro e além dos bares os tradicionais blocos pré-carnavalescos são uma grande atração pra moradores e turistas.
Este ano, a prefeitura do Rio de Janeiro vai cadastrar 15 mil vendedores autônomos para trabalhar nos blocos de rua, 5 mil a mais que em 2024.
O bar e restaurante Super Bar, que fica na Cinelândia, centro do Rio, outro ponto de dispersão de blocos, foi surpreendido pelo movimento de foliões no último domingo (5).
“Já começou o pré-carnaval este fim de semana. Já bombou aqui”, contou o gerente Flávio Alexandre Filho em entrevista à Agência Brasil . O estabelecimento estava planejado para funcionar só no expediente diurno, mas teve que mudar os planos. “Teve que dar uma esticada até as 11 horas da noite”, relata.
O gerente explicou que não chega a contratar mais funcionários, mas altera os horários das escalas, de forma a ampliar a capacidade de atendimento. A exceção é a equipe de segurança, que conta com reforço numérico.
Nas contas de Flávio, o faturamento deve crescer 30% nos dias de pré-carnaval. Esse aumento compensa outro efeito do carnaval tardio. Ele observa que o restaurante fica em uma região que concentra muitos funcionários públicos. “O ano só começa mesmo depois do carnaval”, constata ele, se referindo à diminuição de movimento nos dias úteis de janeiro e fevereiro.
Comportamentos distintos
O presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio), Fernando Blower, observa que mesmo não tendo dados que suportem a hipótese, tende a acreditar que o pré-carnaval mais longo pode ser algo positivo para o setor. “Isso porque dá uma espécie de alongada nesse sentimento de verão, férias e viagem”, avalia.
No entanto, ele aponta que nem todos os estabelecimentos de alimentação fora do lar vivenciam o período da mesma forma.
“Os bares e locais com características mais informais e descontraídos, além daqueles em locais de perfil notadamente turísticos, a exemplo da zona sul e Lapa, apresentam maior possibilidade de crescimento no período”, assinala.
“Já nos perfis de negócio com foco mais executivo e afastados das áreas de maior concentração turística, o inverso acontece”, completa.
O presidente do SindRio lembra que, de acordo com dados do sindicato e do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (Ifec-RJ), o carnaval é historicamente um período com pequena queda no faturamento do setor de bares e restaurantes.
Em 2024, o faturamento ficou em R$ 1,394 bilhões. Foi o primeiro ano a superar a marca de pouco mais de R$ 1,3 bilhão alcançada em 2019 e 2020, antes da pandemia de covid-19.
“Com o aumento crescente do turismo, incluindo o recorde de entrada de turistas estrangeiros no Brasil em 2024, estamos esperançosos de seguir em um movimento de crescimento”, estima.
Vocação regional
O presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, considera que o fato de o carnaval ser só em março gera impactos variados pelo Brasil, que dependem das características econômicas e turísticas de cada região.
“Em cidades como Salvador e Florianópolis, o carnaval marca o fim da alta temporada de verão. Por isso, quando acontece mais tarde, ajuda a prolongar o turismo e impulsionar as vendas em bares e restaurantes”, aponta.
“Já em locais onde a atividade turística é forte ao longo de todo o verão, como no Rio de Janeiro, a data do carnaval tem pouca influência, e o setor mantém sua estabilidade”, considera.
Hotéis
Enquanto ambulantes e bares se aproveitam da presença de foliões nos blocos do pré-carnaval estendido, o setor de hotelaria enxerga outra vantagem de a festa oficial estar marcada para março.
De acordo com Alfredo Lopes, presidente do HotéisRIO - o sindicato de donos de hospedagem da cidade do Rio - a data mais distante faz com que turistas nacionais tenham tempo de se organizar financeiramente e “abre a possibilidade de que quem veio participar da festa da virada queira voltar para a folia momesca”.
Segundo ele, o Réveillon funciona como um “cartão de boas-vindas” para que os visitantes conheçam melhor a cidade e se interessem em participar de outra grande festa. “O carnaval em março estica a alta temporada no Rio, constituída pelo verão carioca”, define.
Além disso, continua Lopes, a desvalorização do real, cerca de 25% em um ano, tornou o Rio ainda mais atraente para os turistas internacionais. A moeda brasileira desvalorizada é sinônimo de preços mais baratos para quem vem de fora do país.
Calendário oficial
A terça-feira de carnaval este ano será em 4 de março. A data varia, sendo relacionada diretamente à realização da Páscoa, que segue o calendário da igreja católica.
Com base em relatos bíblicos e históricos, os católicos acreditam que a ressurreição de Cristo ocorreu em um dia de lua cheia, próximo ao equinócio da primavera (o dia e a noite têm exatamente a mesma duração e marca a chegada da estação) no Hemisfério Norte.
Por esta razão, no ano 325, a Igreja Católica realizou o Concílio de Niceia e decidiu que a Páscoa seria celebrada sempre no domingo seguinte ao surgimento da primeira lua cheia após a chegada da primavera no Hemisfério Norte. Dessa forma, a Páscoa de 2025 será em 20 de abril.
Já o carnaval termina religiosamente 40 dias antes do domingo de Ramos, o domingo que antecede a Páscoa. Da quarta-feira de cinzas até o domingo de Páscoa são sempre 46 dias.
Em 2024, o carnaval começou em 10 de fevereiro. Em 2026, será no sábado 14 de fevereiro. Passando 2025, o próximo ano que terá carnaval em março será 2030, quando a terça-feira cairá em um dia 5.