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16 de fevereiro de 2025

Laguna de Araruama: crise ambiental ameaça ecossistema e impacta economia local

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​  A Laguna de Araruama, um dos ecossistemas costeiros mais importantes da Região dos Lagos, enfrenta uma crise ambiental. É o que revela o estudo conduzido pela geoquímica Cleuza Leatriz Trevisan durante o seu doutorado sob orientação do professor Júlio Cesar de Faria Alvim Wasserman, pela Universidade Federal Fluminense (UFF). A pesquisa evidencia que as principais causas da deterioração da qualidade da água são a poluição por nutrientes oriundos do esgoto e a liberação de fósforo e nitrogênio dos sedimentos, que se agravam com a crescente pressão da urbanização e das mudanças climáticas.


Reconhecida como uma das maiores lagunas hipersalinas do mundo e por sua importância ecológica, a Laguna de Araruama desempenha um papel crucial para a comunidade local, sustentando atividades pesqueiras, turísticas e recreativas. Segundo a pesquisadora, a laguna está presa em um ciclo de eutrofização — um processo no qual o excesso de nutrientes impulsiona a proliferação de algas. “Desde 2005, observamos uma mudança drástica na qualidade da água, que passou de cristalina para turva, com florações de algas cada vez mais intensas”, destaca.


Trevisan aponta ainda que “a floração de algas nocivas é um problema sério na laguna, visto que essas espécies causam danos ao sistema neurológico ou ao fígado, gastroenterites, doenças respiratórias, alergias, irritação da pele e olhos. É importante ressaltar que o fitoplâncton é a base da cadeia trófica, mas em excesso ele causa problemas.”



Sedimentos ativam crescimento de algas



Um dos achados que se destaca é a contribuição dos sedimentos para o processo de eutrofização. Na tese Biogeochemical processes in a tropical hypersaline lagoon: trophic crises, diffusive fluxes, and phytoplankton nutrition, a pesquisadora revela que a água intersticial dos sedimentos, contida entre os poros dos sedimentos da laguna, apresenta concentrações de nutrientes até 100 vezes superiores às da coluna d’água, que se contabiliza desde a superfície da água até os sedimentos do fundo.


Esses sedimentos atuam como reservatórios, liberando continuamente fósforo e nitrogênio por meio do fluxo difusivo. “Mesmo que interrompêssemos hoje todas as fontes externas de nutrientes, os sedimentos continuariam liberando nutrientes por anos, mantendo a laguna em estado de eutrofização.


”Os fluxos de nutrientes mais intensos foram identificados nas regiões central e oeste da laguna. A região oeste é menor e, portanto, mais restrita. Já a porção central, por ser maior e ter mais atuação do vento, é irrestrita. Nela, a ocupação urbana é maior. Nessas áreas, os sedimentos liberam grandes quantidades de amônio e fosfato, nutrientes prontamente absorvidos pelo fitoplâncton, o que impulsiona o crescimento descontrolado de cianobactérias, dinoflagelados e diatomáceas.



Principal fonte de poluição



Embora os sedimentos desempenhem um papel crucial, o estudo também ressalta a significativa contribuição do esgoto sem tratamento para a sobrecarga de nutrientes na laguna. Com mais de 368 mil habitantes nas cidades ao redor, o despejo diário de efluentes adiciona quantidades expressivas de nitrogênio e fósforo ao sistema.



Estima-se que, durante aproximadamente 45 dias, tempo médio de residência da água na laguna, isto é, o período em que o material dissolvido e particulado fica retido no ambiente antes de ser transportado para o oceano, o esgoto contribui com aproximadamente 83.202 kg de nitrogênio e 11.193 kg de fósforo. Quando combinados com os nutrientes liberados pelos sedimentos, esses poluentes criam as condições ideais para as florações algais.



De acordo com a pesquisadora, as alternativas mais comuns, como melhorar a captação e os processos de tratamento de esgoto, são ações que demandam um tempo maior de resposta. “Investir em medidas de remediação ambiental que purificam o sedimento, como implantação de fazendas de algas, que já estão sendo estudadas pelo nosso grupo de pesquisa, é o meio mais eficiente para reduzir o aporte de nutrientes na coluna d’água da laguna”, destaca.



As fazendas de algas são sistemas de cultivo nos quais as algas absorvem nutrientes da água, crescem rapidamente e são colhidas periodicamente para processamento. “A alga Ulva lactuca, por exemplo, encontrada em diversos ambientes, pode contribuir para a depuração do sedimento na Laguna, ao absorver constantemente nutrientes para seu crescimento. A colheita ocorre a cada ciclo, e o produto resultante da extração da alga é chamado Ulvan”, afirma Trevisan.



Além de sustentáveis, essas fazendas ajudam a reduzir o CO₂, melhorar a qualidade da água e fornecer uma fonte renovável de biomassa. A gestão da biorremediação por meio dessas fazendas pode ser realizada por associações de pescadores, o que possibilita um aumento de renda ao acompanhar o crescimento das algas, sua colheita e a destinação do material. 



 O estudo identifica duas condições distintas na laguna: períodos de águas turvas e não turvas. A turbidez, caracterizada por baixa transparência e altas concentrações de nutrientes, é mais comum no verão, quando as temperaturas elevadas intensificam os fluxos de nutrientes.



A transparência da água foi medida utilizando o disco de Secchi, um método empregado para avaliar a clareza da coluna d’água. O gráfico abaixo apresenta a variação da profundidade de visibilidade do disco de Secchi (em metros) ao longo de diferentes estações do ano e pontos de amostragem. Observa-se que, ao contrário do que ocorre no verão, nos meses mais frios há um aumento na profundidade de visibilidade do disco de Secchi, indicando maior transparência. Esse fenômeno pode estar relacionado à diminuição da produção primária e à sedimentação de partículas em suspensão. No entanto, os níveis de nutrientes ainda permanecem elevados, o que pode influenciar a dinâmica ecológica do ambiente aquático ao longo do ano.



As florações de algas nocivas não apenas reduzem a transparência da água, mas também produzem toxinas letais para os peixes e outros organismos aquáticos. Além da perda de biodiversidade, a crise da laguna tem afetado significativamente a economia local. A pesca, atividade essencial para a subsistência de muitas famílias, sofre com a redução dos estoques pesqueiros. O turismo, outro setor vital para a região, também sente os impactos da degradação, uma vez que a aparência turva da água e os riscos à saúde afastam visitantes.



Os resultados do estudo evidenciam a necessidade urgente de políticas ambientais eficazes para conter a degradação da laguna. Contudo, a recuperação da laguna pode ser mais demorada do que se imagina. Entre as principais medidas necessárias estão a ampliação do saneamento básico, a redução do aporte de nutrientes e a aplicação de técnicas para remediar os sedimentos contaminados. “Com uma gestão responsável, um projeto bem delineado e um acompanhamento dessa produção é possível que a laguna volte a ter uma qualidade melhor da água”, salienta a geoquímica indicando que esse é um processo de longa duração.











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Colégio Cirandinha



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Família Paludo

Por Mauricio Jose 12 de março de 2025
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