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11 de setembro de 2024

Capaz de causar danos ao meio ambiente e à saúde, mexilhão invasor está se proliferando na Baía de Guanabara

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Os primeiros registros dele foram feitos em 2018, no estado do Rio de Janeiro. De lá para cá, ele vem se espalhando

 

Um mexilhão-verde, originário das águas quentes do Indo-pacífico, foi encontrado no litoral brasileiro e preocupa os pesquisadores. A espécie é invasora, pode desequilibrar o meio ambiente, tem potencial para dominar toda a costa do Brasil e já foi encontrada em uma das áreas mais bem preservadas da Mata Atlântica.

Os primeiros registros dele foram feitos em 2018, no estado do Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara. A quantidade ainda era pequena e não assustou. Contudo, com o passar dos últimos anos, o número cresceu e se espalhou não só pelo litoral do Rio de Janeiro, mas também para outras partes do país, como Ceará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina.



Alguns pescadores têm relatado que onde essa espécie aparece, alguns peixes somem. Há também informações de que esse mexilhão-verde está sendo vendido para consumo humano.

O pesquisador do Instituto de Pesca e doutor em oceanografia pela USP, Edson Barbieri explica como o mexilhão chegou ao Brasil.



 “Quando navios carregam água de lastro em um porto para manter a estabilidade durante suas viagens, eles inadvertidamente capturam uma variedade de organismos marinhos, incluindo larvas, pequenos crustáceos, moluscos e até microalgas. Ao chegar ao destino, essa água é descarregada, liberando os organismos junto com ela e potencialmente introduzindo-os em um ambiente completamente novo e, muitas vezes, vulnerável. Este processo de descarga de água de lastro ocorre em portos de todo o mundo, criando um circuito global de transferência de espécies que, sem medidas de controle rigorosas, pode levar a invasões biológicas significativas”.

 

Ele falou que o impacto da introdução de espécies exóticas marinhas pode ser vasto e de longo alcance, afetando não apenas a biodiversidade local, mas também alterando a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas.


“Muitas dessas espécies são altamente adaptáveis e possuem capacidades competitivas que lhes permitem proliferar rapidamente em novos ambientes, suprimindo ou até eliminando espécies nativas e criando novos desafios para a conservação e a gestão ambiental. Dessa forma, a conscientização, o monitoramento contínuo e a implementação de políticas rigorosas de gestão de espécies invasoras são essenciais para mitigar os impactos das introduções exóticas e preservar a saúde dos ecossistemas marinhos”.


Barbieri falou que o mexilhão-verde possui um crescimento mais rápido em comparação com muitas espécies nativas, o que lhe confere uma vantagem competitiva significativa em novos ambientes. Esse crescimento acelerado permite que ele se estabeleça e se prolifere rapidamente, competindo diretamente com os mexilhões nativos por recursos vitais, como espaço e alimento. Além disso, o mexilhão-verde pode se sobrepor fisicamente às espécies locais, causando declínios nas populações nativas ao ocupar nichos ecológicos semelhantes.


Ele falou também que há a preocupação que o mexilhão-verde se espalhe e domine todo o litoral do Brasil, especialmente em áreas onde as condições ambientais são favoráveis e não existem predadores naturais para controlar sua população.


O professor disse que é seguro consumir o novo mexilhão, desde que ele seja colhido em áreas não contaminadas e adequadamente manejado antes do consumo. Assim como outros mariscos, o Perna viridis pode acumular toxinas, poluentes e patógenos presentes na água, tornando seu consumo perigoso se a coleta for feita em áreas poluídas. Portanto, é essencial garantir que os mexilhões sejam provenientes de áreas controladas e monitoradas.



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Por Mauricio Jose 12 de março de 2025
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