Venda do Maracanã vira jogada política visando as eleições de 2026

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Inclusão do estádio em lista de imóveis a serem vendidos teria como um dos objetivos atrapalhar a campanha de Eduardo Paes ao governo do estado e ajudar Rodrigo Bacellar, aliado de Cláudio Castro
O governo do Rio de Janeiro quer usar o Complexo do Maracanã como parte de um plano para reduzir sua dívida com a União, que ultrapassa R$ 190 bilhões. A proposta, aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa (Alerj), inclui o estádio entre 62 imóveis que podem ser alienados para viabilizar a adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), substituto do antigo Regime de Recuperação Fiscal.
O polêmico projeto foi aprovado na última quarta-feira (22) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), mas ainda precisa ser votado no plenário, onde pode sofrer alterações.
O plano prevê que os recursos obtidos com a venda de bens públicos — como o Maracanã, a Aldeia Maracanã, imóveis da Uerj e o Batalhão da PM da Tijuca — sejam utilizados para amortizar parte da dívida e reduzir o déficit orçamentário, estimado em R$ 19 bilhões para 2026.
Divergências jurídicas e políticas
A inclusão do Maracanã no projeto gerou controvérsia. O deputado Luiz Paulo (PSD) questiona a legalidade da medida, alegando que a inserção de imóveis por emenda parlamentar sem avaliação patrimonial prévia fere princípios constitucionais como legalidade e transparência.
Ele também argumenta que a alienação de bens públicos é prerrogativa exclusiva do Executivo.
Por outro lado, o governador Claúdio Castro (PL) e o presidente da CCJ, Rodrigo Amorim (União Brasil), defendem que o estádio representa um alto custo para o estado e que sua venda seria uma solução viável. O relator do projeto, Alexandre Knoploch (PL), reforça que a proposta busca evitar que o Maracanã se torne um “elefante branco” e sugere que o Flamengo poderia ser parte da solução.
Implicações eleitorais e interesses estratégicos
A proposta também é vista como uma jogada política. Deputados apontam que o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil), pré-candidato ao governo estadual em 2026, estaria buscando se associar à imagem do Flamengo para ampliar sua visibilidade. A cientista política Mayra Goulart, da UFRJ, avalia que essa aproximação pode fortalecer Bacellar frente ao prefeito Eduardo Paes (PSD), que apoia a construção de um novo estádio para o clube no terreno do Gasômetro.
Caso o Flamengo desista do projeto próprio e opte por adquirir o Maracanã, Bacellar poderia sair fortalecido na disputa eleitoral.
Concessão vigente até 2044
Atualmente, o Maracanã está sob concessão do consórcio formado por Flamengo e Fluminense, com contrato válido até 2044. O acordo prevê uma outorga anual de R$ 20 milhões ao estado e investimentos de R$ 186 milhões ao longo de duas décadas. O projeto aprovado pela CCJ não especifica como seria tratada a venda de um imóvel já concedido, mas indica que o comprador deverá negociar com os ocupantes ou promover a desocupação sem custos para o governo.


















